Dedicatória do blog



Dedico esse blog a memória dos inesquecíveis VICENTE ANTUNES DE OLIVEIRA e Dr. MURILO PAULINO BADARÓ, amigos desta e d'outra vida!!! Ambos estão presentes na varanda da minha memória, compondo a história de minha vida, do meu ser e da minha gênese! Suas vidas são lições de que se beneficiariam, se fossem conhecidas, grandes personalidades e excepcionais estadistas. Enriqueceram o mundo com suas biografias e trouxe ao mundo a certeza que fazer o bem é possível, até mesmo na POLÍTICA!


Dedico também a meu trisavô Firmo de Paula Freire (*1848-1931), um dos maiores servidores da república no vale do Jequitinhonha, grande luminar da pedagogia da esperança!

Nossa Legenda

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Nossa Fé e Nosso FUturo

domingo, 24 de janeiro de 2016

REGISTRO DE LIVRO PUBLICADO

A POESIA INSÓLITA DE PETRONIO SOUZA.

Valdivino Pereira Ferreira



Conheci o jornalista Petrônio Souza Gonçalves levado pela amizade de Murilo Badaró, consistindo assim, num espolio espiritual daquele eminente mineiro do qual me fiz herdeiro. É um moço esforçado, daqueles a quem “Carlos Drummond de Andrade” costumava dizer que muitos lhe querem bem e todos lhe devem alguma, desde uma atenção até um trabalho mais penoso. Vive de trabalhar com as letras, jornalista que é, e de brincar com elas, poeta que também é em manhãs boreais de inspirações múltiplas. Após “Adormecer os girassóis” e compor o memorial de sua casa velha, lapidando palavras em contos e versos, escavando em sentimentos pela geografia acidentada de seu caminho, ele vem agora com “UM FACHO DE SOL COMO CACHECOL”, seu mais recente lançamento. Há que se registrar a beleza do conjunto da obra, cuja impressão gráfica, editoração e correção da linguagem, marca de seus trabalhos, honram a casa editora que confeccionou o livro. Seu livro “Um Facho de Sol como Cachecol” está percorrendo o Brasil, no dia 11 de agosto de 2015 o escritor esteve em João Pessoa, na Paraíba, onde palestrou, e no dia 15, em São Tomé das Letras, em Minas Gerais. A critica, pelo jeito, tem recebido bem o “Um Facho de Sol como Cachecol”, composto por 231 poesias sem título, o que é uma inovação na composição dos versos pelo autor. Os poema são iniciados com a primeira frase destacada, que passa a ser o título de cada texto.
Na opinião do celebrado cronista Luís Fernando Verissimo, “o autor é uma revelação na poesia, um elo entre o lírico, o irônico, o insólito e o confessional”. De fato, a poesia de Petrônio se faz única, bela e atual, sem os vícios da cópia e do plágio, tão comuns nesses tempos de facebook e internet. Também não tem o rebuscamento que muitos põe no poema, tirando dele a essência do ternamente simples, matando a ‘escola pedagógica da humildade de Manoel de Barros, cuja cátedra é inigualável’. Poesia telúrica, lembrando das coisas da terra, das vivencias que o acompanham seu caminhar, expressando dureza e cicatrizes, como nesse poema: “Marimbondo fez morada em meu peito, mostrando o abandono do meu coração sozinho”, cuja solidão espiritual transcende a física, pois o burburinho da capital, às vezes, se faz numa solidão de amigos, como cantava Jessé nos festivais de outrora. Constatações duras para o nosso tempo: “No desdouro de nossas vidas, o AMOR pede socorro”, tempo que brinca de lhe enfeitiçar. Parece-me que o português Fernando Pessoa, na sua figura do guardador de rebanhos, lembra em sua obra atual pedaços de sonho, nacos de madrugada. Agruras da sorte, para ele, é inspiração: “Filho da má sorte e do garimpo, tenho sangue prata do mercúrio...”. Há ternura: “Minha mãe, tem uma alegria contida” e “Sou um pouquinho da minha casa, um quarto saudade”. Ou ainda, para expressar seu telurismo contemporâneo: “em Minas tem uma esquina, que tem uma mina que brota poesia”, ou talvez, para alar suas ansiedades, veio com esta: ”Plantarei borboletas nas asas da liberdade”.
Na voracidade do tempo, os versos que ele inspira neste livro se destinam a resistir, a permanecer, como se fossem epitáfios gravados na pedra.
Segundo o escritor Alcione Araújo, “Petrônio fantasiou e coreografou nossas surradas palavras para dizer com “Um Facho de Sol como Cachecol”, de um jeito que jamais diríamos”.

Pois é, o Petrônio é caçador de palavras, que as segura pela beleza das suas mãos ternas e generosas, extensão de seu coração que borbulha caridade poética.
Em 2005 ganhou o Prêmio Nacional de Literatura “Vivaldi Moreira”, da Academia Mineira de Letras, como segundo colocado. Também participei do concurso, recebendo uma menção honrosa, e fiquei honrado em saber que fui suplantado pela inteligência multiforme de Petrônio. Pois ele mesmo é como “Um Facho de Sol como Cachecol”. O autor esmerou-se em se fazer poeta para celebrar o momento, perenizar as coisas pequenas, sempre relegadas a lugar nenhum por nós mesmos. Após a leitura da sua obra recente, sentimos em nós a grandeza das coisas pequenas, dos grãos de areia que se unem para formar a praia, das gotículas d’água que se unem para formar o oceano. E partimos para o paraíso da nossa saudade, terra da utopia que não nos abandona.



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Registro Literário

ENTRESSOMBRAS DE LUZ


Yeda Prates Bernis havia prometido não mais lançar livros. Era justo com ela e injusto conosco, sempre ávidos do alimento espiritual colhido e dispensado por ela para o nosso repasto. Sempre insisti para que ela rompesse com essa promessa, primeiro porque seria muito bom para a literatura mineira e, segundo, porque seria melhor para nós, seus leitores. E então agora ela resolve fazê-lo, sete anos após subir ao Olimpo da cultura mineira e ultrapassar os umbrais da Academia Mineira de Letras, coroamento de uma carreira luminosa nas letras e construção minuciosa de uma obra altíssima, pontuando Minas no cenário das melhores poetas do Brasil, ombreando com as estrelas solares Henriqueta Lisboa, Cecília Meirelles e Stella Leonardos. Essa última ainda encantando à todos nós e produzindo poesia como nunca. As duas últimas vivendo nas belas páginas que escreveram e em nossos corações.

Yeda é de uma economia verbal proverbial. Mas esbanja demonstrações de afeto, e devo confessar, não conheço quem tenha um coração mais generoso que o seu. Escreve pouco. Seus poemas são curtos, com palavras bem escolhidas e apropriadas para o temário que escolhe. Busca em tudo o que escreve a transcendência espiritual, talvez numa reminiscência psicológica do iluminado aprendizado haurido das lições com a mestra de todos os poetas — a grandiosa Henriqueta Lisboa — de quem foi aluna na mocidade e uma espécie de herdeira espiritual e intelectual após a sua partida para o plano superior, uma vez que cursou “Letras Neolatinas nas Faculdades Santa Maria”, embrião do que é hoje a atual PUC Minas. A aluna conservou durante toda a vida, profundo respeito e imensa gratidão pela mestra veneranda, que a encaminhou no caminho das letras e deu-lhe os primeiros incentivos no artesanato poético. Acho que Henriqueta ainda é uma presença muito marcante na vida e na literatura de Yeda. Mais que forte, profunda.

Acometida por uma degenerescência macular, uma doença na qual a mácula, a parte central e mais vital da retina, se deteriora e embaça a visão —, atualmente ela se compraz em ver os livros pela ótica de outros, e a sentir a emoção neles aprisionada pela contenção da leitura no som da voz alheia. Sua empregada Maria do Carmo, mais amiga que serviçal, se encarregava desse prazer. Foi emocionante para mim vê-las ambas viajando pelo mundo de Eça de Queirós, romancista português de sua predileção. Parece-me que uma completava a outra nessa grande viagem que é a leitura de “Os Maias”, a grande radiografia de uma época e dos costumes sociais da gente portuguesa.

Seus poemas, escritos à conta gotas, estavam sendo publicados ultimamente na Revista da Academia Mineira de Letras, entregues à digitação e revisão de Marília Moura, mas para um público resumidíssimo, uma vez que apenas os assinantes e membros da AML, tem acesso à ilustrada publicação. E agora vem ela de editar, em âmbito pessoal, mais um livro de altíssimo nível, a que ela intitulou “entressombras”. O livro tem o pórtico de entrada com a apresentação de Maria Lúcia Simões e o prefacio de Lina Tâmega Peixoto, duas amigas conhecedoras de sua obra e de sua vida, embora ambas tentem escrever sem contaminar o texto com o vírus da grande devoção que partilham pela poetisa maior das Minas na atualidade.


O livro não traz pontos altos porque ele todo conserva uma unidade criadora inigualável, uma inspiração superior e um canto em tom maior às coisas mais sublimes da vida. As epigrafes são escolhidas à dedo e refletem o alto poder de concisão da autora aliada à compreensão que ela busca nas pequenas coisas que a cercam e permeiam a sua vida. É também um livro biográfico, pessoal, reflexivo de seu mundo interior e da visão alcançada após a impiedosa degeneração macular. Quando se lhe foram fechadas as janelas oculares de seu corpo, o sol da esperança penetrou-lhe as entranhas — corpo, alma e espírito —, para visse em outro plano e de outra forma, aquilo que só o sentimento plenamente educado e contido é capaz de mostrar: a esperança nunca acaba! A visão espiritual transcende o corpo e vai ao cerne do espírito. O espírito sempre achará um atalho para chegar ao plenilúnio do amor e ao ápice da criação. Ler “Entressombras” é adentrar o mundo de Yeda, com seu consentimento e intimidade, e desvendar seu mundo. Foi uma gestação difícil para um filho no outono da vida, mas talvez o filho que faltava para o complemento dos outros filhos literários dados à luz em toda essa caminhada. Após os poemas recolhidos “Entre o rosa e o azul”, ultrapassar o nublado de “Enquanto é Noite”, sarar a “Palavra Ferida”, mostrar seu rumo em “Pêndula”, saciar seus leitores com o “Grão de Arroz”, navegar “À beira do Outono”, mirar o mundo “Encostada na Paisagem”, destilar sua sabedoria em “Anotações sobre Zen e Hai-Kai”, nos brindar com sua maviosa “Antologia Cantata”, desfilar com seu “Viandante” companheiro da vida inteira, ela nos convida para adentar seu mundo: “Entressombras”. Digo ao leitor que aceite o convite, porque o mundo de Yeda é um facho de luz, um nicho de amor e um rancho de paz. E as sombras de seu mundo é um pouco de entreluz.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Homenagem

Quase Parábola

Para Jeferson Lopes,
 Em seu natalício.

Quem é aquele que ama
Sem nada exigir?
Sem nada esperar receber
E sem nada pedir?
Quem é aquele
Que de nada se esquece:
Casamento, aniversário
Falecimento ou prece?
Quem será aquele
Que o melhor de si
Sempre nos oferece?

Quem? Haveis de perguntar.
Quem?
E eu vos respondo:
No céu Jesus Cristo.
Na terra o Nem!


Qual destes homens é o mais ilustre filho de Turmalina?